Os doadores dinamarqueses de esperma terão de declarar às Finanças os rendimentos das suas doações e pagar impostos, indicou o ministro do Interior e da Saúde numa nota escrita ao Parlamento, escreve a Lusa.
Esta decisão corre o risco «de ter graves consequências para os doadores na Dinamarca que receiam perder o anonimato ao declararem os seus ganhos ao fisco, e, por isso, de não quererem mais doar o seu esperma», declarou Olé Schou, director de Cryos (International Sperm Bank), um dos maiores bancos de esperma no mundo.
«Um inquérito junto dos nossos doadores mostrou que apenas sete por cento aceitaria continuar a vir ao nosso banco se tivesse de declarar os seus ganhos às finanças e deixar de ser anónimo», acrescentou.
O ministro Lars Loekke Rasmussen (liberal) sublinhou nesta nota à Comissão parlamentar de Saúde que «o serviço dos impostos não deve e não pode anular o princípio do anonimato».
«As Finanças não exigem que os doadores de esperma sejam fichados enquanto doadores mas unicamente como contribuintes que devem declarar os seus rendimentos como os outros».
Os doadores, «na maioria estudantes», recebem em média «250 coroas dinamarquesas (33,5 euros) por cada depósito no banco de esperma e ganham cerca de 5.800 coroas (777 euros) por ano, de acordo com Schou.
Cryos reúne-se a 21 de Fevereiro com os parlamentares dinamarqueses ligados às questões de saúde e de fiscalidade a fim de os convencer a levar o governo a rever a sua posição.
O banco de esperma dinamarquês, aberto em 1987 em Aarhus (centro), vai abrir a 1 de Março uma filial em Nova Iorque em busca de outras alternativas, caso os seus stocks venham a esvaziar-se por falta de doadores " in Portugaldiário
O Guolizhuang, um restaurante aconchegante numa rua escura de Pequim, afirma ser o único empório especializado em pénis da China. Há milhares de restaurantes chineses pelo mundo e todos têm o seu prato favorito, mas somente na própria China é possível provar algumas das suas especialidades menos usuais.
A comida na minha frente é cinza e brilhante.
"Cachorro russo", diz a garçonete Nancy.
"Cachorro grande", eu respondo.
"Sim", ela diz. "Pénis de cachorro grande..."
Nancy trouxe uma grande quantidade de guloseimas. Elas são colocadas de maneira estranha num prato enorme, com um crocodilo esculpido numa cenoura ao centro. Ao lado do pénis do cachorro estão os seus pegajosos testículos, e ao lado deles um objecto gigante com a forma de um salame.
"Burro", diz Nancy. "Bom para a pele..."
Ela guia-me pelo prato de pénis.
"Cobras, muito potentes. Elas têm dois pénis cada uma."
Eu não sabia disso.
"Ovelha... cavalo... boi... foca, excelente para a circulação."
Nancy aponta para três blocos escuros e enrugados que parecem tiras de alcaçuz. É aparentemente uma iguaria especial: rena, da Manchúria.
Spa exótico
A atmosfera no Guolizhuang é mais de um spa exótico do que de um bar para noitadas. A garçonete Nancy auto-denomina-se nutricionista.
"Nós não chamamos as pessoas de garçons aqui. E não servimos muito álcool", conta Nancy. Mas ela ofereceu-me um coquetel de vodka e sangue de veado, que eu decido provar.
O cartilaginoso menu foi criado por um homem chamado Guo. Ele hoje tem 81 anos e está aposentado. Após fugir da guerra civil em 1949, Guo mudou para Taiwan e depois para Atlanta, nos Estados Unidos, onde começou a estudar a medicina tradicional chinesa e a experimentar com os membros dos melhores amigos do homem. Aparentemente, eles têm baixo colesterol e são bons não somente para aumentar o desejo sexual dos homens, mas também para curar toda espécie de enfermidades.
Cozido de pénis
As risadas reverberam pelas paredes da sala de jantar. "Membros do governo", diz Nancy. "Dois deles estão no andar de cima, comendo um cozido de pénis." A maioria dos clientes do restaurante é formada por homens de negócios ricos ou burocratas do governo, que, como Nancy observa, são levados ao local por pessoas que querem a sua ajuda. Que maneira melhor de fechar um negócio do que ter à frente um fumegante fondue de pénis? A discrição é assegurada, já que todas as mesas são localizadas em salas privadas. A mais luxuosa tem pratos de ouro.
"Alguns de nossos pratos são servidos crus, como sushi", diz Nancy. "Mas podemos cozinhar qualquer coisa que você queira."
"Não muito tempo atrás, um magnata do mercado imobiliário veio aqui com quatro amigos. Todos homens. As mulheres não vêm aqui com frequência, e elas não deveriam comer testículos", diz solenemente a garçonete. Os homens gastaram 1.540,20€ num prato particularmente raro, algo que teve que ser pedido com meses de antecedência. "Pénis de tigre", conta Nancy.
Extinção
O mercado ilegal de partes do corpo de tigres é um grande problema na China. Ativistas dizem que a espécie está sendo levada à extinção por causa de sua popularidade como fonte da medicina tradicional chinesa. De maneira subtil, menciono esse fato a Nancy, mas ela argumenta que todos os suprimentos de tigre do restaurante vêm de animais que morreram naturalmente.
"De qualquer forma, só temos um ou dois pedidos por ano", diz ela.
"E que sabor ele tem?", pergunto.
"Ah, o mesmo que todos os outros", responde alegremente a garçonete.
E ele tem algum efeito especial?
"Não. As pessoas gostam de pedir tigre para mostrar como têm dinheiro."
Frio, suave e borrachoso
Nancy diz que o mesmo grupo que pediu pénis de tigre também comeu um feto de rena abortado. "Isso é muito bom para a pele", afirma a garçonete. Outra "nutricionista" entra com algo pequeno e vermelho embrulhado em filme plástico. Meu apetite está fugindo para o aeroporto. Mesmo assim, imagino que seria rude não provar alguma coisa.
Normalmente não tenho problema com esse tipo de coisa. Já provei baratas fritas e olhos de cabra. Há na mesa uma pequena tigela com pénis de boi fatiado em conserva. Pego um pedaço com meus palitos e começo a mastigar. É frio, suave e borrachoso. Nancy lança um sorriso vigilante em minha direcção. "Este deveria ser comido todos os dias", sentencia. in BBC